O Fogo Simbólico do 2 de Julho percorreu, no Recôncavo baiano, desde a manhã de sábado (30), os lugares onde aconteceram as sangrentas batalhas pela Independência da Bahia até a chegada das tropas nacionais a Salvador em 1823. Após uma missa celebrada pelo padre Cid José da Cruz, na Ordem Primeira do Carmo, na Praça da Aclamação, em Cachoeira (a 110 km de Salvador), às 7h30, o fogo simbólico percorreu os principais palcos da batalha, que foram relembrados nos 58 km do trajeto até o município de Saubara.
O circuito coloca no contexto histórico a região de Cachoeira, a “cidade heroica”, que foi foco de liderança da política de resistência às tropas portuguesas e da atuação dos nacionalistas no combate armado aos portugueses. O fogo simbólico foi conduzido por trinta atiradores do Tiro de Guerra local que se juntaram a dez atletas veteranos da cidade no revezamento até o entroncamento do município de Saubara, onde permanece até o período da tarde, quando então será levado para Santo Amaro, de onde seguirá até São Francisco do Conde, Candeias, Simões Filho, entre outros municípios que serviram de palco para as lutas de libertação, até chegar a Salvador. Na capital, ficará acesa no panteão da independência, em Pirajá.
O ato emociona os cachoeiranos, como o atleta veterano José dos Santos Filho, 92 anos, conhecido por ‘Zé de Zuza’. Há 20 anos ele participa do caminho dos heróis. Para ele, a emoção é sempre diferente. “Não tenho como descrever o que sinto nesse momento. A emoção é nova a cada ano. Me sinto um jovem de 70 anos”, disse, emocionado. São 200 metros para cada atleta, mas não há um preparo específico. “Não precisa preparação, o amor que sinto pela cidade e pelas pessoas me dá força. Já estou na expectativa do ano que vem, espero em Deus que eu possa participar”, disse.
O fogo simbólico do 2 de Julho refaz os caminhos que fizeram os patriotas do Recôncavo baiano há 189 anos para consolidar a independência da Bahia. Cachoeira é o ponto de partida, porque foi a primeira vila baiana a se insurgir contra o jugo de Portugal. Em 25 de junho de 1822, os cachoeiranos aclamaram Dom Pedro de Alcântara, príncipe regente e perpétuo do Brasil. Foi em Cachoeira também que o povo pegou em armas para combater as tropas portuguesas comandadas pelo general português Luis Madeira de Melo, que tentava sufocar o movimento que explodiu na então Vila de Nossa Senhora do Rosário da Cachoeira contra Portugal. A tocha simboliza o ideal do povo baiano que lutou pela independência e venceu as tropas portuguesas em 2 de julho de 1823.