Ao contrário do que declarou publicamente a presidente Dilma Rousseff, raios podem deixar o país às escuras, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). Análise do órgão obtida pela Folha sobre o último apagão de 2012, em 15 de dezembro, revela que foi justamente uma "interferência eletromagnética" que levou mais de 3,5 milhões de consumidores, em 12 Estados, a ficar sem luz por uma hora. "No instante da perturbação havia uma sequência de descargas atmosféricas na região", cita o relatório, do ONS, responsável pela coordenação e pelo controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica. Com isso, "o sistema de proteção automático da usina desligou 5 das 6 unidades geradoras [equipamentos responsáveis por gerar energia]".
No ano passado, Dilma chegou a comentar esse apagão: "No dia em que falarem para vocês que caiu um raio, vocês gargalhem. Cai raio todo dia nesse país. Raio não pode desligar o sistema, se desligou, é falha humana." Indiretamente, Dilma rebatia as afirmações do diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, e do próprio secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Ildo Grüdtner, que já haviam apontado os raios como motivo para a falha. A presidente disse ainda ter visto o mapa da distribuição dos raios pelo país no dia em que houve o problema. "Não é sério dizer que a culpa é do raio." Por meio da Lei de Acesso à Informação, a Folha recebeu sete análises do ONS sobre falhas no fornecimento de energia do segundo semestre de 2012. O apagão a que a presidente se referia teve origem na hidrelétrica Itumbiara, no rio Paranaíba, entre Itumbiara (GO) e Araporã (MG).
Nenhum comentário:
Postar um comentário