Escrachado na televisão, Mussum era só gentileza nos bastidores. Endureceu-se no colégio interno e na Aeronáutica, mas ganhou molejo nos botequins e na Mangueira. Teve cinco filhos, um de cada mulher, e deles cobrava o dever de casa e pedia a bênção. Tocava tamborim e reco-reco, mas também amava boleros e Johnny Mathis. Cozinhava rabada e filé au poivre. Torcia para o Flamengo no Rio e para o Corinthians em São Paulo. Lá ou cá, como diz o cineasta Roberto Farias, Mussum sempre saltava da tela. Produtos mostram o apelo da imagem e dos bordões de Mussum Continua saltando. No próximo mês fará 20 anos que morreu Antonio Carlos Bernardes Gomes, aos 53 anos, em São Paulo, duas semanas depois de um transplante de coração. Já o Mussum, batizado por Grande Otelo em referência ao peixe escorregadio. “Eu não tenho cabelo no braço, ele ficava me alisando”, contou certa vez, foi congelado no tempo da internet, nos vídeos antigos disponíveis no YouTube e em memes multiplicados pelas redes sociais, com caretas de olhos arregalados, emprestando traços a outros personagens e parafraseando tudo que possa terminar em “is”.
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